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Maçã do Amor – Arraiá da Olimar

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Maçã do Amor

Adão e Eva no Paraíso, nas artimanhas da bruxa má em Branca de Neve, na tradição na festa judaica de Rosh Hashana (Ano Novo), como símbolo da cidade de Nova Iorque (Big Apple), as maçãs cobertas de mel ou caramelizadas estão em nossa cultura. 12 de janeiro é o dia internacional escolhido para homenagear o personagem ultra-romântico do livro “Apple, the romantics fruits“, Ferdinand Enriche.
Aqui, no Brasil, a Maçã do Amor é muito consumida no mês de junho, durante as festas juninas e também representam um gesto de carinho e afeto entre os namorados.

Feita com a fruta inteira espetada no palito e coberta por uma calda açucarada com corante alimentício vermelho, no Brasil, A Maçã do Amor foi uma invenção paulistana do catalão José Maria Farre Angles, que desembarcou por aqui em 1954. Segundo Leandro Lopes Farre, neto de Angles, em entrevista ao jornal Estadão, “as maçãs carameladas realmente já existiam, mas a calda vermelha e a adição do palito são invenção do meu avô”. Essa adaptação das maçãs caramelizadas – o norte-americano William W. Kolb produziu a primeira maçã do amor em 1908 -, teve características distintas suficientes para a criação de um identidade própria e permitir o registro de patente no Brasil.

A receita a seguir foi gentilmente cedida pelo chef Adri Vicente, responsável pelo projeto Cozinhando na Escola. Saiba mais sobre esse projeto.

  • 500g de açúcar cristal
  • 250ml de água
  • 1 colher de sopa de vinagre branco
  • 1 colher de sopa de corante vermelho em pó
  • 5 maçãs (pequena/média)
  • 5 palitos de sorvete

Calda
Coloque todos os ingredientes dentro de uma panela.
Não use colher na panela. Misture mexendo apenas a panela.
Até à fervura, pode usar fogo alto. Quando ferver, mude para médio e mantenha por aproxidamente 25 minutos.
Mergulhe a ponta de um palito de sorvete na calda e pingue na forma em segundos. Se endurecer como vidro está ok.
Desligue imediatamente e comece o processo de mergulhar as maçãs e colocá-las sobre a forma previamente untada.
Note que o ideal é realizar este processo o mais breve possível, pois a calda vai naturalmente endurecendo.

Editado, em 1895, pela B. L. Garnier, o Doceiro Nacional é uma compilação de cerca de 1200 receitas de doces, mas muito doces mesmo. O gosto pelo açúcar, herdado dos portugueses, revela-se em sua plenitude. Ingredientes nacionais também são usados em profusão, como as geleias de jabuticaba ou o doce de caju e de pitanga.

Muitas vezes, percebe-se claramente a herança dos antigos manuais da época moderna de como se fazer xaropes e cuidar da saúde, principalmente no caso da utilização específica do açúcar, que foi, por muitos séculos, considerado um remédio. Por isso aparecem receitas de xaropes como o de agrião, o de baunilha, de café ou de caju.

E também, por isso, resolvemos deixar a descrição de cada receita no português utilizado à época.

Receita antiga

Doce de maçãs em calda
Tomão-se umas maçãs, as menores possíveis, que se descascão, conservando-se inteiras, e devendo-se escolher as bem maduras.
Por outra parte, faz-se uma calda rala de assucar que se deixa ferver até se engrossar; e quando estiver n’este ponto, deitão-se as maçãs e continua-se a deixar ferver a calda, até ficar reduzida ao ponto de espelho, accrescentando-se uns cravos da índia, e canella.
Despeja-se em vasilhas vidradas e bem tapadas.

Outro methodo de fazer doce de maçãs em calda
Tomão-se umas maçãs grandes e bem maduras, que se descascão conservando-se inteiras, pesão-se as maçãs e para cada libra de fruetas, toma-se uma libra de assucar. Faz-se uma calda de assucar na qual se põem as maçãs a ferver até aquella ficar reduzida ao ponto de espelho, tendose o cuidado de não mexer as fruetas, para não se desmancharem.
Ajuntão-se uns cravos da índia, e uns pedacinhos de canella, e despejão-se em vasilhas vidradas e bem tapadas. Este doce dura de um a outro anno.

Medidas culinárias

1 libra = 16 onças ou 453,59 gramas
1 Kg = 2,20462 libras
Ref.: https://sites.google.com/site/receitasperfeitasedicas/tabela-de-conversao-de-equivalencias-culinarias

Ficha técnica

Doceiro Nacional da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin
Título: Doceiro nacional ou arte de fazer toda a qualidade de doces
Edição: 4. ed.
Editor: Rio de Janeiro : B. L. Garnier
Data do documento: 1895